Estatinas, dores musculares e o efeito nocebo, que você não conhece.
- Agnaldo Júnior
- 26 de nov. de 2020
- 2 min de leitura

A expectativa de melhora pode gerar o conhecido efeito placebo. Determinado tratamento, farmacológico ou não, porém inerte, ou seja, sem ação, gerando efeitos terapêuticos, em outras palavras o “nada” que cura. Um pouquinho de água com açúcar que acalma ou que faz passar uma dor.
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No efeito nocebo o que ocorre é que existe uma expectativa que determinado tratamento vai gerar um efeito negativo. Eu te dou água com açúcar e te informo que 95% dos pacientes que ingerem aquela solução apresentam dor de cabeça. E o que ocorre? Dor de cabeça.
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Pois bem, quando se fala em estatinas rapidamente se faz a associação com dores musculares, criou-se esse mito. É fato que as estatinas podem gerar esse efeito colateral, porém a prevalência é bem menor do que se imagina. Será que não estamos diante de um efeito nocebo?
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O estudo clínico SAMSON, apresentado recentemente num grande congresso de cardiologia, foi atrás dessa resposta.
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Foram selecionados pacientes que já haviam suspendido o uso de estatina em função de efeitos colaterais. Esses pacientes foram divididos em 3 grupos: um deles recebeu estatina, outro recebeu um comprimido de “nada” e o outro não recebeu nenhum medicamento. Esses pacientes permaneceram nesse regime ao longo de 12 meses e esses tratamentos iam sendo alterados, num rodízio.
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Cada paciente ficava um período com a estatina, com o “nada” e sem o tratamento e os efeitos colaterais iam sendo monitorados.
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O que se observou? Que os efeitos colaterais que surgiram nas primeiras semanas de uso de estatina foram quase que totalmente atribuídos ao efeito nocebo, ou seja, o mito gerando sintomas.
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As estatinas, quando bem indicadas, possuem uma ação extraordinária, de maneira que vale a pena definir com seu médico se realmente você vai ser privado, por um suposto efeito colateral, de um tratamento que pode garantir anos e anos de vida com qualidade. Seu cardiologista possui ferramentas para definir esses sintomas e abordá-los, caso ocorra (é o que se espera).

Dr. Agnaldo Rodrigues é médico pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, tendo se especializado em cardiologia pelo Instituto Mário Penna, em Belo Horizonte, e em Ecocardiografia pelo Diagnósticos da América (DASA) e Escola de Imagem de São Paulo (UNIECO). Possui ainda título de especialização em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.Seu consultório de cardiologia fica localizado na cidade de Itumbiara-GO, na Praça Sebastião Xavier, 34 - Sala 07 - Ed. Flamboyant - Ala médica , Centro, CRM-GO: 14.541 | RQE nº 11.602
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